Ana Luísa Reis


Ana Luísa Carôlo Manso Reis

A minha mãe nasceu no dia 26 de março de 1977 em Portalegre. Viveu lá até se casar em 1999 e mudar-se para Lisboa onde continuou o seu percurso profissional com meninos deficientes na LIGA Portuguesa de Deficientes Motores. Posteriormente trabalhou como operadora de caixa no IPL e auxiliar da ação educativa em Jardins de Infância e 1º ciclo. Atualmente trabalha como administrativa no SEF.  


Tema abordado:

- A Pandemia Covid-19.


1.Conte-me um pouco sobre si. Qual é a sua profissão, o seu percurso?

Olá, eu sou a Ana Luísa tenho 44 anos e sou assistente técnica na função pública. Desempenho as minhas funções numa loja de cidadão. Anteriormente a minha experiência profissional foi com crianças e jovens com deficiência. Um trabalho muito gratificante que nos faz dar mais atenção e valor aos pequenos gestos e conquistas do dia a dia. Passado alguns anos neste registo, comecei a trabalhar no ensino recorrente com crianças do pré escolar e do primeiro ciclo. Após anos de trabalho de coração cheio, vi-me forçada a mudar por questões de saúde. Mas para minha surpresa fui ter a uma área também muito interessante e que gosto, a migração. A parte burocrática faz-nos estar sempre activos e informados das novas leis e alterações. Mas também existe a parte humana e social, que é o que mais me atrai. Hoje em dia as pessoas tem necessidade de falar e muitas vezes as outras não tem tempo de ouvir. Os serviços estão demasiadamente automatizados e eles também devem ser humanizados.


2.O que se alterou na sua vida com a pandemia do covid-19?

A pandemia do covid-19 veio "mexer" com a vida de todos, julgo eu. Pelo simples facto de não termos a liberdade de andarmos à vontade na rua, ir às compras, a um teatro, visitar a família ( esta parte foi sem dúvida a mais difícil ), não poder viajar, já alterou a minha vida. Quando mexe com a nossa livre circulação, seja para que for, é negativo, mas compreende-se que assim teria que ser, para o bem de todos. No tempo anterior à pandemia tínhamos tudo como adquirido e não lhe dávamos valor, éramos felizes e não sabíamos. Agora, penso que começámos a dar mais valor aos pequenos gestos ( um beijo, um abraço ), à família, porque afinal nada é garantido na nossa vida. Se todos contribuirmos verdadeiramente com as medidas de prevenção e controlo da covid-19 que a DGS recomenda tudo se tornará mais fácil para tentarmos voltar o mais rápido possível à nossa normalidade.


3.Que efeitos tem tido esta pandemia, na sua vida, em termos laborais?

Em termos laborais estive sempre a trabalhar com público, até o estado de emergência decretar o fecho das Lojas de Cidadão. Quando a loja ficou sem o atendimento presencial passámos ao atendimento telefónico, por e-mail e despachámos trabalho que estava pendente. Após a reabertura da Loja também houve alterações na medida que só entra na Loja quem têm marcação. Os requerentes aguardam no exterior que o seu nome seja chamado pelo altifalante. Esta nova forma de entrada requerer da nossa parte, funcionárias, que nos estejamos a levantar a cada atendimento, pois somos nós que vamos à entrada chamar e acompanhamos ao posto, fazemos o atendimento e no fim acompanhamos novamente o requerente à porta. Todo este processo faz-nos perder tempo e fluidez no trabalho.


4.Na sua ótica, quais têm sido os efeitos desta pandemia na economia do nosso país?

Um dos impactos que salta à vista como efeito desta pandemia foi o despedimento, o fecho de lojas, fábricas, grandes e pequenas produções, que ajudavam no circular da economia. Muitos negócios apesar de poderem ser frágeis iam alimentando famílias e o Covid-19 veio acabar com tudo. A diversidade de oferta em muitos pequenos negócios perdeu-se. Vemos famílias que eram independentes economicamente a ter que recorrer ao banco alimentar é muito triste, querer alimentar os filhos e não ter. Sem dúvida a pior realidade. O Mundo, Portugal, as empresas, as famílias não estavam minimamente preparados para uma crise destas dimensões.


5.Que lições podemos retirar de todo o percurso desta pandemia?

Penso que todos nós devemos refletir em tudo o que aconteceu no mundo e no nosso país, para podermos avançar de uma forma mais positiva e responsável. Esta pandemia veio mostrar o quão frágil está o nosso sistema social e de saúde coletivo. Veio lembrar-nos a importância que têm ter um sistema forte com total apoio e investimento do estado. O país deve isso à população que o ajuda todos os dias a viver.


Entrevista realizada por Ana Matilde Reis
Coordenação/Tutoria: Professora Ana Sofia Pinto


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