Estado Novo e Pós 25 de abril 


"O atraso campo-cidade, com níveis de salários muito diferentes, ditou a desertificação de algumas áreas pobres do território interior, cuja população rumava para o litoral ou partia "a salto" para França ou Alemanha."

António Romão, Portugal face à CEE, 1983 (adaptado). 


O Estado Novo: êxodo rural, litoralização e emigração

Em 1950, no período do Estado Novo, Portugal era um dos países mais atrasados da Europa. A agricultura era a principal atividade económica e empregava grande parte da mão de obra ativa. No entanto, tratava-se de uma agricultura pouco desenvolvida devido à mecanização reduzida, aos investimentos insuficientes e ao facto da população rural ser, na sua maioria, analfabeta. A agricultura portuguesa era tecnicamente atrasada e de baixa produtividade. Por este motivo, algumas populações rurais, à procura de melhores condições de vida, abandonaram os campos e dirigiram-se para os centros urbanos do litoral, onde se concentravam as indústrias e serviços. No ano de 1960, a população ativa na agricultura era de 42,17%, mas, em 1974, reduziu para 26,02%. Esta percentagem mostra-nos que mais de meio milhão de pessoas abandonou os meios rurais.

Nas décadas de 60 e 70, assistiu-se em Portugal a uma litoralização e urbanização das populações. No entanto, os centros urbanos não conseguiam absorver toda a mão de obra disponível. Por isso, muitos portugueses optaram pela via da emigração. Oito em cada dez portugueses que abandonaram o seu concelho de residência viram-se obrigados a procurar trabalho no estrangeiro. A partir dos anos 60, a emigração portuguesa, de forma legal ou ilegal, passou a ter sobretudo como destinos a França e a Alemanha, países que absorveram 70% dos emigrantes portugueses. Entre os anos de 1958 e 1974, tivemos 1,5 milhões de emigrantes. Como é fácil de depreender, a emigração teve um impacto negativo na população que, entre os anos de 1960 e 1970, diminuiu em cerca de 250 000 pessoas; no entanto, a saída de portugueses para o estrangeiro também foi positiva pois contribuiu, para o envio de remessas que possibilitaram o equilíbrio das contas públicas e a dinamização do sistema bancário.

No período de governação de Marcello Caetano o mercado português foi aberto às multinacionais e aos capitais estrangeiros; desenvolveu-se a indústria de produtos químicos, confeções e eletrodomésticos e expandiram-se os bancos e as seguradoras o que conduziu à criação de novos postos de trabalho.

Ei-los que partem... História da emigração portuguesa


O Pós 25 de Abril: crise económica, despedimentos e ocupações

"Na indústria e nas empresas em geral rebenta uma onda de conflitos laborais sem precedentes na história social do país. As primeiras greves importantes começam nas grandes empresas industriais da margem sul do Tejo - Lisnave, Siderurgia Nacional, CUF - e estendem-se pelo país fora nas semanas e meses seguintes. O recurso à greve e à ocupação do local do trabalho é habitual. As reivindicações de tipo económico são geralmente acompanhadas de outras exigências que extravasam as questões salariais, nomeadamente a do "saneamento" de empresários e quadros que são considerados repressivos."

Miguel Pérez, O Poder Popular, in Revista Amphora (APH), maio de 2014.


Após a Revolução dos Cravos, ocorrida no dia 25 de abril de 1974, a economia e a sociedade portuguesas sofreram mudanças significativas. Após o 11 de março de 1975, procedeu-se à reforma agrária, sobretudo no Ribatejo e Alentejo, através da formação de unidades coletivas de produção e de cooperativas agrícolas, e nacionalizaram-se os principais setores da economia.

Entre os meses de janeiro e dezembro de 1974, assistiu-se em Portugal ao aumento do desemprego. Segundo a historiadora Raquel Varela no período supracitado "o desemprego sobe para o dobro, sendo as áreas de Lisboa, Porto e Setúbal as mais afetadas em termos absolutos e o Alentejo e Algarve em termos relativos."

A economia portuguesa foi, também, afetada pelas consequências das crises petrolíferas de 1973 e de 1979-1980. O aumento do preço do petróleo fez-se sentir de imediato na economia portuguesa pois desencadeou a subida dos preços e da inflação, défices na balança de pagamentos, falências e desemprego.

De forma a enfrentar as dificuldades derivadas de fatores internos (alterações trazidas pela revolução do 25 de abril) e internacionais (crises da economia mundial: crises petrolíferas), Portugal teve, necessariamente, de aplicar medidas de austeridade e de recorrer, em 1977 e 1983-1985, a empréstimos do FMI. Por este motivo, o nosso país viu-se obrigado a desvalorizar a moeda (escudo), subir os impostos, aumentar os preços dos géneros e reduzir o défice.

De forma a aprofundar os meus conhecimentos sobre este período da história de Portugal realizei uma entrevista ao historiador Manuel Loff. As questões efetuadas foram as seguintes:

- Quais foram em Portugal as consequências económicas e laborais das crises petrolíferas de 1973 e 1979/1980?

- Após a Revolução dos Cravos assiste-se a um agudizar da crise económica, a nacionalizações, despedimentos e ocupações. Gostaria que abordasse este período da nossa história.

- Quais foram as medidas adotadas pelo Governo Português para solucionar a crise económica e conter a ira dos trabalhadores?

- Quais foram as conquistas laborais alcançadas após a Revolução do 25 de Abril?

Convido-vos a ouvir a entrevista supracitada abaixo nas entrevistas.


Nacionalizações na Revolução: Raquel Varela - Revista Amphora (APH), maio de 2014.


A Revolução de Abril nos Campos do Sul, 1974-1975: Constantino Piçarra - Revista Amphora (APH), maio de 2014.


O Poder Popular em Portugal: Miguel Pérez- Revista Amphora (APH), maio de 2014. 

Entrevistas

Temas da entrevista: 

As condições de vida e de trabalho no Estado Novo e no Pós 25 de Abril. A Pandemia Covid-19. 

As questões efetuadas ao historiador Manuel Loff foram as seguintes:

- Quais foram em Portugal as consequências económicas e laborais das crises petrolíferas de 1973 e 1979/1980?

- Após a Revolução dos Cravos mantém-se a crise económica e efetuam-se nacionalizações, despedimentos e ocupações. Gostaria que abordasse este período da nossa história.

- Quais foram as medidas adotadas pelo Governo Português para solucionar a crise económica e conter a ira dos trabalhadores?

- Quais foram as conquistas laborais alcançadas após a Revolução do 25 de Abril de 1974? 

Temas da entrevista: 

As condições de vida e de trabalho no Estado Novo e no Pós 25 de Abril. A Pandemia Covid-19. 

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