Crises na economia Portuguesa desde 1980

Crises na Economia Portuguesa desde 1980

O Website da Fundação Francisco Manuel dos Santos refere que as recessões são períodos em que a produção de um país e o rendimento das pessoas diminui. As recessões podem suceder por variados motivos e acarretam consequências sociais, financeiras e políticas.

A economia portuguesa passou por cinco recessões completas desde 1980.
Para identificar o momento em que as recessões começaram e acabaram, a equipa que elaborou este Website utilizou como referência principal o Produto Interno Bruto. Serviu-se, ainda, de outros indicadores, como o desemprego, a produção industrial e a evolução do comércio externo.

Conheça em pormenor cada recessão, as suas principais causas e consequências explorando o Website intitulado "Crises na Economia Portuguesa."

https://www.ffms.pt/crises-na-economia-portuguesa

Recessões económicas completas deste 1980

1983- 1984: A Crise que demorou a chegar

"A economia, que já soluçava, entrou em recessão. As políticas dos anos anteriores permitiram adiar o impacto do choque petrolífero, mas a recessão acabou por se impor, tal como tinha acontecido no resto das economias avançadas.

Perante os fortes desequilíbrios, o Governo formado por PS e PSD após as legislativas de Abril de 1983 recorreu à ajuda e intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) - a segunda desde a revolução de 1974. O programa decorreu entre Outubro de 1983 e Fevereiro de 1985 e teve como objectivos principais ajudar o país a equilibrar as suas contas com o exterior, melhorar as contas públicas e as condições de crescimento económico.Foram várias as medidas que acompanharam o financiamento do FMI.Desvalorizou-se a moeda - na altura, o escudo - em 12%, para dar competitividade cambial às exportações e arrefecer as importações. Quando uma economia desvaloriza a moeda, os restantes países têm mais facilidade em comprar-lhe bens ou serviços, porque nas suas próprias moedas os preços ficam mais baratos. Com as importações sucede o contrário: tornam-se mais caras para o país que desvalorizou a moeda.Foi também decidido colocar limites ao crédito bancário, de modo a travar o endividamento da economia. E, para evitar uma degradação mais acentuada das contas públicas e do défice do Estado, reduziu-se o investimento das empresas públicas e aumentou-se a carga fiscal."

"O desemprego começou a subir ainda antes do início da recessão e continuou a aumentar para além desta."

"O segundo choque petrolífero foi a principal causa desta recessão."

https://www.ffms.pt/crises-na-economia-portuguesa/5043/a-crise-que-demorou-a-chegar


1992- 1993: A Crise que veio de fora

"O investimento teve uma recuperação lenta."

"A taxa de desemprego começou a subir ainda antes de se ter atingido o ponto mais alto deste ciclo económico, no primeiro trimestre de 1992. Essa tendência manteve-se para além do período da recessão."

"Os efeitos desta recessão sentiram-se na produção industrial, que reforçou e prolongou uma queda que já vinha de trás, desde o início da década. O desemprego, no início de 1992 em valores abaixo dos 4% da população activa, cresceu acima dos 6% em 1994. No segundo trimestre de 1993, ocorreu uma queda do consumo das famílias, depois de já ter desacelerado em relação ao ritmo a que estava a evoluir antes do início da recessão.

As exportações também se ressentiram, numa fase do ciclo económico em que os principais mercados externos para os produtos e serviços portugueses estavam igualmente em recessão e, por isso, com volumes de consumo mais baixos.

Do mesmo modo, a recessão internacional levou a uma quebra do investimento, particularmente evidente em 1993."

https://www.ffms.pt/crises-na-economia-portuguesa/5044/a-crise-que-veio-de-fora


2002-2003: Depois da euforia a ressaca

"Houve uma montanha-russa de expectativas que teve impacto na reacção do investimento privado e do consumo."

"O mercado de trabalho passou por uma mudança profunda. Nos 20 anos anteriores, a taxa de desemprego foi apenas ligeiramente contracíclica, mas depois desta recessão não caiu."


"Esta recessão marcou uma viragem na economia portuguesa que ganhou contornos estruturais. Desde então, a taxa média de crescimento tem-se revelado modesta por períodos prolongados. De tal forma que as duas primeiras décadas do século XXI são consideradas décadas perdidas.

A estagnação da produtividade e a falta de preparação estrutural para o novo contexto da integração na Zona Euro são apontadas como as causas principais desta prolongada anemia

É também a primeira recessão em que as ferramentas macroeconómicas que Portugal usou nas duas décadas anteriores não estão disponíveis.
O país não pode baixar as taxas de juro, entregues ao Banco Central Europeu. A incapacidade de criar uma almofada no défice público abaixo do limite dos 3% durante os anos de expansão económica impossibilitou a redução dos impostos ou o aumento da despesa pública durante os anos de recessão, o que poderia ter estimulado a economia.

Por fim, um dos efeitos mais imediatos desta recessão foi a subida rápida do desemprego, que passou de valores abaixo dos 4,5% no final de 2001 para um patamar acima dos 7% em 2014. Depois de a recessão ter terminado, a taxa de desemprego não caiu e manteve-se em níveis altos durante os anos seguintes, o que não foi habitual na economia portuguesa das duas décadas anteriores."

https://www.ffms.pt/crises-na-economia-portuguesa/5045/depois-da-euforia-a-ressac


2008-2009: Filha da crise financeira internacional

"Esta é uma crise associada aos problemas do sistema financeiro americano."

"A taxa de desemprego subiu apenas ligeiramente nos primeiros três trimestres da recessão. No entanto, não parou de subir, muito para além do final técnico desta recessão."

"A crise financeira internacional teve origem nos EUA, no Verão de 2007, com problemas nos empréstimos à habitação, naquela que ficou conhecida como a crise do subprime. A economia norte-americana atingiu o seu ponto mais crítico em 2008, com a falência do Lehman Brothers, uma das principais instituições financeiras do país.

Os efeitos da recessão na economia americana depressa se estenderam à economia mundial, tendo as exportações globais caído quase 20% entre 2007 e 2009.

Portugal, que já se debatia com a estagnação do crescimento económico e com a queda do emprego desde o início do século, foi rapidamente atingido nas suas exportações e no crédito bancário.

O sistema financeiro nacional foi fortemente abalado e, em Novembro de 2008, assistiu-se à nacionalização do Banco Português de Negócios.A resposta europeia à crise internacional foi feita de forma coordenada, utilizando sobretudo a política orçamental e a política monetária. Aos governos com margem de manobra orçamental foi aconselhado um aumento da despesa pública, sobretudo de investimento. O Banco Central Europeu procedeu a uma descida rápida das taxas de juro, para estimular a economia.Mas o ponto de partida era muito diferente entre os vários países europeus.A dívida pública portuguesa estava já acima dos 72% do PIB em 2007 e as contas públicas apresentavam uma histórica rigidez de despesa."

https://www.ffms.pt/crises-na-economia-portuguesa/5046/filha-da-crise-financeira-internacional


2010-2013: A mais longa e severa das crises

"Foi muito violento, sobretudo se pensarmos que esta recessão veio pouco depois da anterior."

"O desemprego não parou de subir, dando continuidade à tendência que já vinha da década anterior. A inflexão ocorreu precisamente após o final da recessão."

"O Governo liderado por José Sócrates apresentou sucessivas medidas para tentar recuperar a confiança dos investidores na dívida portuguesa.
O objectivo era diminuir o desequilíbrio das contas públicas e travar a escalada da dívida, para garantir melhores condições de financiamento.
O primeiro leque de resoluções, de corte na despesa, foi anunciado em Março de 2010. Outros se seguiram, com novas reduções da despesa ou aumentos de impostos.

Tudo medidas restritivas que, sem surpresa, provocaram uma recessão, iniciada no terceiro trimestre de 2010.
No plano europeu, em Abril, a Grécia tinha solicitado ajuda financeira à Comissão Europeia, ao Banco Central Europeu e ao Fundo Monetário Internacional, e o mesmo se desenhava para a Irlanda, como veio a acontecer em Novembro desse ano.

Os pacotes de financiamento da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional, grupo também conhecido por troica, foram acompanhados de medidas que pretendiam corrigir os desequilíbrios económicos e financeiros das economias, de forma a restabelecer a capacidade destas para se financiarem no mercado.

As sucessivas tentativas do Governo português para evitar esta solução de último recurso fracassaram. O primeiro-ministro José Sócrates demitiu-se com o chumbo de um derradeiro pacote de austeridade no Parlamento e o pedido de resgate externo tornou-se inevitável. Foi feito em Abril de 2011 e envolveu um envelope financeiro de 78 mil milhões de euros. O plano veio a ser aplicado pelo Governo liderado por Passos Coelho, vencedor das eleições realizadas em Maio."

https://www.ffms.pt/crises-na-economia-portuguesa/5047/a-mais-longa-e-severa-das-crises

Cada recessão identificada na economia portuguesa é acompanhada por um relatório técnico produzido pelo Comité. Aceda a estes relatórios aqui:

https://www.ffms.pt/crises-na-economia-portuguesa/5042/documentos-do-comite

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