Irene Flunser Pimentel


Irene Flunser Pimentel

Irene Flunser Pimentel é doutorada em História Institucional e Política Contemporânea, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Elaborou diversos estudos sobre o Estado Novo, o período da Segunda Guerra Mundial, a situação das mulheres e a polícia política durante a ditadura de Salazar e Caetano. É investigadora do Instituto de História Contemporânea (FCSH da UNL) e tem uma vasta obra editada no campo da História Contemporânea.

Tema abordado:

- A Pandemia Covid-19.


1. O que se alterou na sua vida com a pandemia do Covid 19?

Como na vida de todos e de todas, a minha vida alterou-se em termos sociais e de proximidade com família e amigos, por ausência dessas necessárias ligações. As conferências passaram a ser apresentadas via Zoom, o que não é uma má coisa, e penso que até vai ficar, pois permite o diálogo com pessoas distantes e no estrangeiro. Claro que a imprescindível convivência nos intervalos desapareceu. Não me deixei levar pelo receio de ficar doente, mas fui cuidadosa. Cumpri todas as normas de quem sabe mais do que eu e fiquei feliz ao ser vacinada. Devo dizer que o primeiro confinamento, iniciado em Março de 2020, foi mais penoso para mim, a vários níveis, incluindo a nível do sono. Mas felizmente, houve uma trégua até Janeiro de 2021, período em que senti mais medo. No geral, continuei o meu trabalho, de investigação e escrita de História, que é solitário e pode ser feito em casa. Tudo o que dependeu de consulta de arquivos, presencial, ficou congelado no tempo e atrasado.


2. Que efeitos tem tido esta pandemia, em Portugal, em termos laborais?

Em termos laborais, esta pandemia foi tremenda, e pode-se dizer que foi mesmo uma tragédia, para quem perdeu o seu emprego, devido a empresas que fecharam. A pandemia foi também pretexto para o fecho de empresas, que não deveriam fechar, e para a retirada de direitos laborais, que são sempre atacados quando há desemprego. Há depois os efeitos do teletrabalho, em termos laborais e familiares. As mulheres foram as mais prejudicadas, pois tiveram de combinar, muitas vezes ao mesmo tempo e num espaço exíguo, trabalho exterior (passado a ser interior), cuidados e educação


3. Na sua opinião, quais têm sido os efeitos desta pandemia na economia do nosso país?

Efeitos tão terríveis que ainda não temos a noção até que ponto vão. Os efeitos ainda serão sentidos no próximo futuro, mas nunca serão bons. Há quem fale em reformas obrigatórias nas relações de trabalho, mas ainda não se assiste a nada disso.


4. Que lições podemos retirar desta pandemia

Como sou historiadora, aguardo um tempo, até a pandemia terminar, ou diminuir exponencialmente (ainda estamos no olho do furacão, embora contemos com a vacina), para retirar lições. Mas, desde já,se pode dizer que o mundo é global e todos, sem nacionalismos, temos de contar com todos. Se não forem vacinados os que vivem em países mais pobres, também sentiremos essa consequência. Uma das grandes lições foi a de que, com o egoísmo não se vai lá, e que toda a colaboração colectiva, a nível mundial tem de ser aumentada. Em Portugal, agradeço o trabalho extraordinário do Estado Social, sobretudo em termos de saúde, uma das grandes conquistas do século XX português que nunca foi tão crucial e necessária


Entrevista realizada por Ana Matilde Reis
Coordenação/Tutoria: Professora Ana Sofia Pinto


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